Na minha memória era tipicamente Latino.
Aos domingos passeava de charrete na cidade exibindo a sua paixão por cavalos.
Alto para a época, agitado, disposto a ir até às últimas consequências para atingir um objectivo previamente determinado. A garra própria dos homens que fizeram Angola.
Jovem e dinâmico esteve na linha da frente dos que lutaram pela fundação do TUKUTUKU - CLUBE ANGOLANO DE DESPORTOS MOTORIZADOS - BENGUELA.
No meio de muitas makas vê nascer o Autódromo de Benguela, para o qual muito contribuiu.
Presidente do Clube por volta de 1973, foi com a sua energia um dos maiores nomes desta modalidade na região Centro e Sul de Angola no seu tempo. Como dirigente desportivo e como piloto.
O seu incrível GT 40 era ex-líbris de Benguela. Lembro-me de os mecânicos o virem experimentar à recta da Praia Morena, sem capot traseiro, em pleno dia de praia. Naquela época parecia normal. Hoje
olharíamos de forma diferente. Em sentido.
Na garagem do seu Hotel Praia Morena funcionava a oficina dos autocarros do Marta e ali se concentravam os Chevron e os Lola dos pilotos estrangeiros que concorriam aos 500 KMS DE BENGUELA. Miúdo, eu corria à estação para ver retirar os carros dos wagons e depois, oficina do Marta...
Respeito o homem que conduziu um GT 40 pelas ruas de Novo Redondo ou Namibe. Aquele carro era mais motor que estrutura e a caixa ao que parece era um pesadelo. Bom para a recta de Le Mans mas pouco adequado a circuitos citadinos. Herculano Areias disse-me que ao descer a granja sentiu a frente a querer levantar e a direcção demasiado leve. Um pequeno susto.
Pela sua dedicação, energia, trabalho, dinheiro, etc, pelo automobilismo angolano, é Emílio Marta uma referência nesta terra angolana.
É com o maior respeito e admiração que hoje o seu nome é invocado. Da mesma forma seria recebido se cá viesse, o que já não é possível.
Respeite-se a memória.
Toni Almeida
Benguela, 10-09-2008 17:32
3 comentários:
Saudações de um blogueiro amigo de Angola!
O Marta partiu.
Este texto de Toni, não podia ser mais coerente.
Abraços.
Durante a nossa actividade desportiva tivemos alguns atritos mas sempre mantivemos um grande e mútuo respeito.
A última vez que estive com ele foi num jantar, em Algés, comemorativo da inauguração do Autódromo de Luanda.
Estava conversando quando, nas minhas costas, ouvi alguém dizer: Parece-me que conheço este senhor…
Era o Emílio Marta.
Sorrimos e abraçámo-nos.
O desporto automóvel está mais pobre porque perde alguém que lhe dedicou grande entusiasmo e muito contribuiu para o seu desenvolvimento.
Comovidamente, endereço a toda a Família os meus sentidos pêsames.
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