Ao mesmo tempo que põe à venda o autódromo do Estoril, o Estado vai ao Algarve dar umas coroas a favor do turismo no qual se integrou um autódromo cuja existência ainda não saiu do papel e da intenção dos seus promotores, uma empresa desconhecida que dá pelo nome de Parkalgarve.
O projecto, como convém a este país das tangas, tem tudo para encantar: um autódromo (para receber, nada mais nada menos do que a fórmula 1), uma pista de karting, um parque tecnológico ligado à ciência do automóvel e, claro, não podia deixar de ser, uma grande estrutura hoteleira. Por tudo isto, mais a promessa de 1.650 postos de trabalho, o Governo considerou o projecto de Interesse Nacional e, o projecto, em troca recebeu um bom naco de euros por conta.
O autódromo do Algarve, que começou a dar que falar em 1999, parece finalmente ter recebido a luz verde para arrancar com as obras. Tudo o que se sabe da empresa promotora do autódromo (para fórmula 1, não esqueçamos) e das suas ligações ao automobilismo de competição é que um dos seus membros já praticou karting em tempos.
Num país que perdeu a F1 há 11 anos, que está rodeado de quatro autódromos esses sim, realmente internacionais, em Espanha, me parece que o autódromo é a coisa menos importante do projecto, servindo de cobertura para o verdadeiro projecto que é o do costume neste país, o projecto do cimento armado, da construção, das empreitadas. E, como a viabilidade de um autódromo está intimamente ligada a acessos, já se vai falando de reestruturação de estradas, novas vias de acesso e, naturalmente, de um aeroporto.
Dizem que a pista estará pronta em 2008.
3 comentários:
Embora não seja algarvio, esta é a zona que me adoptou e onde criei raízes. Serve o preâmbulo para dizer que quero sempre mais e melhor para a "minha" região.
Eu compreendo a posição de pessoas como o Hélder, que encaram com algum cepticismo um projecto destes. Afinal de contas, não era o primeiro nem era o último nestas circunstâncias.
Eu não tenho um conhecimento directo do assunto, apenas o que vou seguindo com natural curiosidade. E o que sei é:
1 - O projecto é privado, ou seja, se falhar quem perde são os investidores;
2 - Que eu saiba, não está previsto nenhum ivestimento público no empreendimento, nem a nível concelhio. Aqui, devo dizer que poderá haver algum apoio camarário de qualquer tipo (isenção de taxas, benesses, etc). Mas como não sou munícipe de Portimão, não serei afectado. Se morasse em Portimão, talvez não me importasse;
3 - O envolvimento do Estado resumiu-se á classificação do projecto como sendo de interesse nacional (PIN). Os senhores que aparecem para tirar fotografias e falar de obras dos outros, são uma praga que temos que suportar. É só haver um microfone ou uma câmara e lá estão eles, mesmo quando não contribuiram com um cêntimo para a obra;
4 - A Câmara de Portimão está apostada em promover o concelho como sendo um concelho virado para o desporto (motonáutica, natação, Dakar, andebol, etc);
5 - Perto deste empreendimento, na zona onde terminou este ano a etapa do Dakar, vai nascer um outro empreendimento, ainda maior, com os inevitáveis campos de golfe, hotéis e mais postos de trabalho:
6 - O projecto já está na fase de apreciação das propostas de adjudicação das obras. Eu conheço pessoas do ramo da construção que me disseram terem apresentado já as propostas;
7 - A pista, parecida em demasia á do Estoril, tem homologação FIA e FIM, estando portanto pronta para receber qualquer prova organizada por estas entidades.
É natural que haja dúvidas sobre o autódromo, mas permitam-me sonhar com ele, mas sonhar de uma forma realista, o que implica saber á partida que a F1 é uma miragem que nem no tempo dos meus netos se concretizará. Posso, no entanto, sonhar com ver provas do nível de um WTCC, Le Mans Series ou outras.
O kartódromo, também será uma mais valia, mais que não seja para ver se ficamos com um de jeito na região, porque aquele em Almancil precisa de concorrência.
Já perguntaste ao teu parceiro Bernie Ecclestone o que pensa sobre o assunto?
O autódromo do Estoril começou por seu privado, depois foi nacionalizado, a seguir privarizado, voltando de novo ao estado, que agora o está a querer vender...
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